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MINHAS IRMÃS VINDE

By Março 16, 2021 No Comments

Deus pede a Adoração perpétua à Madre Trindade

19 de março de 1912

Hoje em dia é normal que nos mosteiros de vida contemplativa, esteve o Santíssimo exposto durante algumas horas do dia. Alguns em concreto, no passado, por alguma razão ou inspiração, pediram este privilégio, mas antes (princípios do XIX) era apenas nuns poucos mosteiros ou ordens concretas. A maior parte dos outros, tinham as funções religiosas ordinárias ou particulares da Ordem, a adoração perpétua era pouco comum e quase na totalidade era apenas dentro dos muros da clausura.

Mas a Madre Trindade, que vivia naquela casa de paz e amor, o mosteiro de Santo Antão, de Capuchinhas de Granada, dava asas aos desejos que nasciam, ou melhor ganhavam força e um horizonte algo mais real para os conseguir. O AMOR de Jesus desde criança a tinha cativado. Não a deixaria tranquila, até convertê-la em fundadora e sobretudo, em converter suas casas, em focos de adoração ao Santíssimo Sacramento.

Em março, concretamente dia 19 de março de 1912, nossa Madre, duma maneira especial, recebe a chamada de Deus para instaurar a adoração perpétua (pensava ela que se referia a instaurá-la na sua comunidade). Naquele tempo era abadessa e gozava da admiração e apoio de sua comunidade em tudo, menos nisto. Ela mesma nos conta sua disposição interior: “A esta religiosa, que por um tempo, foi tão infiel e ingrata ao Senhor, o demónio a perseguia horrivelmente até a pôr a ponto de morrer, o Senhor lhe mostrou o inferno, manifestou-lhe a sua vontade, devolveu-lhe a saúde, provou-a com terríveis sofrimentos e calúnias; e como satisfação pelos seus anos de pecados, pediu-lhe que levasse muitas almas à vida capuchinha de adoração perpétua e de retiro na mais estrita observância capuchinha”.

Não era nada novo, mas como não há nada com maior novidade que o amor, seus ímpetos de adoração e reparação não foram bem acolhidos pela comunidade. Porquê? É fácil de compreender. Às vezes, para ler o próprio carisma à luz dos tempos, o mais aconselhável é submergir-nos nas fontes. A vida capuchinha totalmente provada, experimentada e válida, não contemplava nem necessitava da dita adoração perpétua. Nas suas Constituições e Regras, as monjas tinham explícito o que fazer no tocante a este tema. De facto, o reprová-la, parte do pensamento daquelas veneráveis monjas residia em, não agregar nada novo e não sobrecarregar mais a vida das capuchinhas.

Mas a Madre Trindade há muito que não era dona deste assunto. Era coisa de Deus. Desde criança, o que sentia por Jesus Eucaristia era verdadeira atração, e os primeiros anos de vida religiosa, estavam impregnados deste mesmo amor, era quase uma obsessão… Deixemos que seja ela a contar-nos. O texto que vos propomos é de 28 de julho de 1893, aniversário de “minha entrada de postulante nas Capuchinhas de Jesus e Maria de Granada no dia em que fazia 14 anos e 6 meses de idade, data em que iniciei o meu postulantado…”

… Ao entrar na tribuna pareceu-me ver o dulcíssimo Jesus acompanhado de São Pedro e São João, muito rápido, com uma menina pequenita, muito fraquinha, suja, miserável e cega, sem poder andar e Jesus não a largava; ia tropeçando muito e Jesus a segurava e levantava… umas vezes São Pedro, outras, São João, queriam pegar nela, mas Jesus não a largava, até que chegaram a uma piscina com cinco canos de água e sangue, submergiu-a ali, e Jesus, olhando para mim, parecia dizer-me: “Esta pobre cega, és tu, quero curar-te, guiar-te e fazer-te minha, minha pequena vítima. Se me fores fiel, em ti, darei às almas graças singulares e nelas derramarei os tesouros do meu Coração Eucarístico de amor e misericórdia, fazendo de vós companheiras e adoradoras de meu Amor Sacramentado, para, com oração e penitências, atrairdes a misericórdia e a conversão de tantas almas que morrem sem me conhecer, e de tantas que conhecendo-me desprezam o meu amor e benefícios, fazendo-me no mesmo altar do sacrifício, as injúrias e sacrilégios da minha paixão… Desejo que repares, desagraves o meu amor ultrajado, e atraiais muitas almas a esta vida de adoração, imolação e de vítima. Exijo a vossa penitência principalmente na negação de vós mesmas. Receberei a imolação, e na humildade e perfeita obediência receberei a mais agradável vítima que de vós espero: na pobreza de espírito, na pureza de alma, de corpo e de mente, na obediência rendida e perfeita com o silêncio e o amor com que me entreguei à morte de cruz para por vosso amor, cumprir a vontade de meu Eterno Pai”.

Desde então Deus vinha acrescentando no seu coração esse fogo que logo acendeu e cuja chama continua viva em cada uma das casas da Congregação. Não era bom agregar em odres velhos o que, pela ação do Espírito Santo, fervia dentro dela. Era levantar um edifício que ardia em desejos de adoração e reparação. A Madre Trindade não queria amar só por ela, queria pôr coração e voz a todos os homens e mulheres do mundo. Digamos que a sua imolação, sacrifícios, mas principalmente a adoração ao santíssimo Sacramento, ostentava uma dimensão sacrificial, intercessora…

“Oh Eterno Pai! concede à minha alma, a graça de pureza e amor  com que deveras dei início a uma vida de imolação, de adoração e de vítima do vosso amor sacramentado, reparando os ultrajes e sacrilégios que contra vós se cometem…”

Aquele 19 de março foi especial. Sim que o foi, nas suas palavras: “Havia cinco anos, que numa visão muito parecida a esta, o Senhor lhe manifestou a sua vontade na noite de 19 a 20 de março, quando com grande solenidade se celebrava o Centenário (VII) da fundação da madre Santa Clara. Em nenhuma destas ocasiões conseguiu entender qual o lugar destinado pela Divina Providência para levantar o trono de adoração a Jesus Sacramentado. Meu confessor e diretor muito me humilhava, tendo-me visionária, era o que melhor podia pensar de mim. Depois desta segunda visão o diretor começou a acreditar, que a vontade do Senhor era que ajudasse eficazmente a minha alma, porque havia tempo que sentia no santo sacrifício da Missa um extraordinário fervor, e entendeu que a Divina providência lhe confiava esta obra de adoração e a partir daí não poupou sacrifícios para nos ajudar e estivemos assim com grandes lutas e dificuldades até ao ano 22… “. E até aqui a história.

É tempo de agradecer. Daqui a poucos anos, a Congregação celebrará o seu primeiro centenário; que bom é Deus que nos concedeu, quase 100 anos de adoração. A Nossa Madre, desde o céu, há de orgulhosa olhar suas filhas. Hoje continua a dizer-nos: “Vinde, irmãs (irmãos) minhas, à adoração perpétua!… “.

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